Espaço do Leitor

PORQUÊ, O CLIMA DE MENTIRA E MEDO QUE EXISTE NO HOQUEI EM CAMPO PORTUGUÊS ?


Estou á largos anos afastado da modalidade, mas tenho o direito á reflexão, sobre alguns dos males, que afectam o Hóquei em Campo português, talvez nunca ninguém tenha tido a coragem de abordar este tema de forma tão clara, infelizmente chego á conclusão que nada mudou, comparando com o passado.

Cheira a ÓDIO no Hóquei em Portugal, fui dirigente nas décadas de 70/80, e já nessa altura o clima de medo estava instalado, os jogadores de equipas do Sul sentiam na pele o desrespeito e desprezo com que eram tratados. NUNCA vou esquecer as brutalidades, que nos anos 80, jogadores do CF Belenenses, foram vítimas numa deslocação a Ramalde, alguns acabaram no Hospital de São João, nesse ano o Presidente do Belenenses o Sr. Mário Rosa Freire quis acabar no imediato com a modalidade no clube, NUNCA vou esquecer BÀRBARAS agressões que jogadores do Sul foram vítimas ao longo de muitos anos com a permanente cumplicidade dos senhores do apito, NUNCA vou esquecer, que em Lousada á uns anos atrás se viu " CAMPANGAS" nas bancadas, a mando sabe-se lá de quem, e tudo isto porquê, simplesmente por de quando em vez as equipas do Sul, atrevem-se a tentar ganhar ou a complicar um pouco mais a tarefa ás equipas do Norte, era assim num passado distante, assim continua num presente que não orgulha ninguém, mas tudo isto é mentira, porque como dizem os Espanhóis " no pasa nada ".
Sempre assim foi e nada mudou, os jogadores do Sul sempre foram tratados de forma desigual, se espirram, usam expressões ou demonstram manifestações de revolta, são logo uns corrécios, que mau feitio, sempre tiveram estes malvados MOUROS.

Porquê tanto ÓDIO e VIOLÊNCIA de alguns jogadores de equipas do Norte, para jogadores de equipas do Sul, o Desporto é uma arte como outra qualquer, onde a ética e o respeito deveriam estar sempre presentes em todos os intervenientes no jogo e não apenas
quando as coisas correm bem. Todos procuram as vitórias, mas não a qualquer preço.

Não são todos portugueses? Ou ainda existe o Reino de Castela e Leão e as terras ocupadas pelos Mouros? Não são os jogadores, hoje como ontem, puramente amadores, em que a cada segunda-feira se dedicam orgulhosamente aos seus trabalhos ou aos seus estudos? È que nada disto parece ser verdade, tal o ambiente agressivo, onde a integridade física é permanentemente posta em causa, por vezes com atitudes que mais parecem animalescas do que praticadas por seres humanos, os jogos Norte-Sul têm que ser uma batalha? Por acaso estamos em guerra? Haja rivalidades, mas comportamentos indignos matam esta modalidade. Vemos ao longo de décadas alguns atletas de equipas do Norte, atropelarem as regras mais elementares da ética desportiva, agressões, injúrias insultuosas, incalculável pressão sobre os árbitros e consequências? Mais uma vez afirmo "no pasa nada", mas se são do Sul, os senhores que decidem usam e abusam da autoridade, sendo incisivos e rápidos nas decisões, é uma realidade triste mas vergonhosa.
Ontem como hoje, existiam e existem em Lisboa, jogadores de craveira e de inquestionável educação, os Maximinos. os Britos, os Joãos Henriques ou Rodrigues, os Eduardos e nos dias de hoje , Gonçalo Lima, Luis Silva , Marcos, Rogérios Teixeira e Ramos, Pedro Sousa ou Duarte Alves, pergunto-me como ainda resistem a ser tratados como escroque, pergunto-me como conseguiram aguentar tantos anos.

Há uns anos atrás alguns jogadores do CF Benfica, num jogo disputado com o Ramaldense, sentiram nas entranhas as injustiças de um senhor árbitro, simplesmente porque a 15m do fim o resultado estava em 3-3, esse senhor conseguiu mutilar o clube de 4 atletas por um período até três anos.

O CF Benfica é o último dos clubes tradicionais a resistir ás atropelos praticados aos clubes de Lisboa, mas obviamente sente-se que não irá resistir por muito mais tempo e no fundo se acabar com o Hóquei, é porque deixou de ter resistência para lutar pela verdade e pela igualdade de tratamento, ninguém pára para pensar os porquês, de as equipas acabarem em Lisboa?
Cheira a falsidade, cheira a medo, cheira a mentira, cheira a cumplicidades, sempre existiu proteccionismo e branqueamento ás equipas do Norte, mas porquê, senão precisam de nada desse jogo sujo, todas elas sempre tiveram jogadores e equipas de elevadíssima craveira, não deviam no entanto, criar climas de medo para impor a sua qualidade.

Porque os senhores árbitros, faltam á verdade, são promíscuos, cúmplices e assobiam para o lado quando os jogos são demasiado quentinhos? São na realidade cobardes sem rosto, pessoas a quem o medo faz perder toda a qualidade, é costume dizer-se que "quem tem cu tem medo", mas quem não quer ser lobo não lhe veste a pele, haja mais coragem, haja mais vergonha, o que ganha o Hóquei em Portugal com este clima anti-Lisboa?
Tiro o chapéu ao árbitro Pedro Teixeira, que a dado momento da sua carreira praticamente deixou de apitar em Portugal, apitar com o nível que o fazia, não valia a pena ter que andar aos trambolhões, levar como um animal, ou perguntar ao internacional Rui Figueiredo, das permanentes recusas de apitar jogos a norte do Mondego ou os porquês de mais recentemente Aldino Santos ou Rogério Teixeira, nunca terem denunciado as agressões que foram vítimas e ao longo dos anos quando são analisados os castigos, aí é de morrer a rir ou será para chorar de vergonha? Nunca ninguém teve a coragem de tomar medidas correctivas que já á décadas são necessárias.

Não tenho dúvidas nenhumas que em todos os clubes nortenhos existem pessoas de elevado carácter, gente boa que também lutavam e morriam pelos seus clubes, mas sempre respeitando os adversários, felizmente SEMPRE existiram honrosas excepções em todas as equipas do Norte, por norma são a regra, mas ainda persistem comportamentos inadmissíveis na prática de qualquer modalidade, não deixa de ser verdade que o CF União de Lamas, é bem um caso onde a vitória é um objectivo de vida, mas se já no passado assim o era, a verdade é que quase sempre respeita as regras quando em disputa com clubes do Sul.
Será que os dirigentes da FPH não percebem, que se os dois clubes de Lisboa fecharem as portas ao Hóquei em Campo é o princípio do fim.

Façam o favor de não dividir, façam o favor de encurtar as distâncias, façam o favor de serem verdadeiros, façam o favor de se respeitarem, façam o favor de ser verdadeiros atletas, façam o favor de serem árbitros honestos e corajosos, façam o favor de corrigir a imagem do Hóquei em Portugal.
Pessoas de elevado nível existem em todos os clubes, por isso lutem por uma modalidade mais limpa, onde a correcção, a verdade desportiva e o respeito por todos seja o ponto de partida para não deixarem morrer a modalidade das vossas vidas.


António Edmundo